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AS MISÉRIAS HUMANAS DE HOJE ESTÃO INSCRITAS DESDE O PELOLÍTICO, COMO A FOME, A INTOXICAÇÃO, A CONDENAÇÃO DE IMENSOS GRUPOS HUMANOS AO EXTERMÍNIO PURO E SIMPLES...

Erguer um novo mundo

Artur Alonso  |  12 de enero de 2011 (21:33 h.)
Como bem escreveu Ana Donnard, no seu ultimo artigo sobre O Paradigma da Continuidade Paleolítica e os Estudos Celtas: “As misérias humanas de hoje estão inscritas desde o pelolítico, como a fome, a intoxicação, a condenação de imensos grupos humanos ao extermínio puro e simples...”

Viver é consumir-se de amor, dialogar, perderem-se nos outros. A vida é a interpenetração total das almas e das inteligências.\"

Anônimo

Como bem escreveu Ana Donnard, no seu ultimo artigo sobre O Paradigma da Continuidade Paleolítica e os Estudos Celtas: “As misérias humanas de hoje estão inscritas desde o pelolítico, como a fome, a intoxicação, a condenação de imensos grupos humanos ao extermínio puro e simples...” e ainda não sabemos em que época isto vai acabar, se alguma vez isto acabará, pois os seres humanos têm avançado cientifica e tecnologicamente, quanto menos desde a Pré-Historia conhecida, mas a sua sofisticação nem sequer muitas vezes serve para sofisticar os métodos de brutalidade ou mesmo de extermínio...

Nestas alturas do século XXI, nos encontramos numa encruzilhada muito importante, que nunca deixaremos de sublinhar: O cambio completo de uma era, um cambio muito mais radical do que significou a roda, a imprensa ou a maquina de vapor.

Mas os condicionantes em que nos vemos imersos não são precisamente optimistas enquanto a uma transição pacifica mais ou menos lenta, e muito menos ordenada, deste sistema que hoje vigora a um novo ainda por no horizonte divisar.

A crise o Euro, como Jean-Claude Paye, explica no seu últimos artigo, precisamente intitulado A crise gaguejante do euro: “Para pagar as suas guerras no Afeganistão e o Iraque, os Estados Unidos optaram por monetarizar a sua divida pública, ou seja, repassar as suas facturas ao resto mundo”, algo que agora sofremos os europeus, dado que já não chega a pilhagem do terceiro mundo, como nas décadas anteriores, e se faz preciso devorar ate mesmo os últimos recursos de sociedades, antes ricas e prosperas; nessa nova voragem que agora experimenta o sector privado mercantil, na sua expansão por todo o mundo; na Europa a custa do próprio Estado - nação, já na pratica um doente a piques de tornar-se terminal.

A nutrição das elites financeiras é simples, uma alimentação especulativa a base de criar, ano traz ano, uma nova bolha financeira. Agora as dividas soberanas fazem às vezes das bolhas imobiliárias, com o aumento constante dos seus juros, e o conseguinte encarecimento para os Estados do sul da Europa nos seus respectivos financiamentos. Esses mesmos Estados que salvaram com seu endividamento a essas mesmas elites que agora, sem piedade, se nutrem deles. Assim é o capitalismo das rendas.

A Irlanda em queda livre foi aplaudida durante décadas pelo seu modelo liberal, que toda a direita européia quis tomar exemplo referencial. Agora essa mesma direita que no Estado Espanhol carga as tintas sobre os governos das esquerdas pelo excesso de gasto social, nada diz ao respeito de seu sonhado paraíso irlandês.

A Irlanda um campeão das políticas de desregulamentação financeira, que levaram como vem lembra Eric Toussaint a uma explosão dos empréstimos das famílias, atingindo o 190% do PIB, em vésperas da crise. O que trouxe consigo o impago das mesmas, provocando que as bolhas bursáteis e imobiliárias estouraram.

Daí ao enfraquecimento da exportação, a baixa das receitas do Estado e a elevação do défice orçamental só há um passo. O resto do filme é já conhecido: austeridade social, austeridade paga pelos mais pobres, destruição massiva de emprego publico e privado. Grécia foi a primeira, e Portugal e Espanha estão sobre ameaça.

Em Tunísia ou Argélia, a inflação galopante não deixa de alarmar as populações, que estão a tomar as ruas, como se fez com anterioridade na Islândia, na Letônia, na Grécia...

Ao tempo os informes confidenciais da inteligência americana, segundo revela Alfred W. McCoy falam da decadência imperial dos EUA, entre 2040 e 2050, para o próprio McCoy seria sobre 2025.

Assim que não queremos ser alarmistas, mas o mundo de novo esta numa transação difícil, se as circunstancias viram a mais difíceis, a sobrevivência será cousa dos mais fortes, e talvez a autoridade recaia em mãos dos mais brutos, algo que soe acontecer em tempos de graves crises ou de guerras. Em esses tempos a palavra tende a ser substituída pela ação. E os portadores da palavra devem converter-se então nos seus guardiões, para preservar o legado da diplomacia, paz e da harmonia, que as futuras gerações será tão necessário.

Como bem dizia um o monge tibetano Dugpa Rimpoché: “Nenhuma noite é o bastante longa e obscura para impedir a alvorada”. No entanto nos tempos de escuridão o ser retrocede a seus instintos mais primários e o esplendor, e multiplicidade criadora de diversidade, deixa passo a cegueira, uniformidade e encolhimento dos sistemas sobre si mesmos.

Alem disto temos os inúmeros confrontos sem resolver, que podem ser ainda motivo de preocupação nas próximas décadas: na Europa, os Bálcãs, Rússia com Ucrânia, Rússia com Geórgia, O Cáucaso das inúmeras nações, Turquia com Armênia, ou o Curdistão; na America: Países da Alba, Colômbia, Haiti, As Malvinas; na África: Sara Ocidental, Congo, Grandes Lagos, Sudão (hoje no candeeiro) Chade, Somália; na Ásia: China com Taiwan, com Japão, o Tibete, Coréia do Norte...

Isso sem engadir os problemas próprios derivados da convivência religioso, étnica, cultural... e dos difíceis encaixes entre potencias minguantes ocidentais e novas potencias emergentes; em esse inevitável trance que nos leva de um mundo Comandado pelo Ocidente com referencias nacionais, a um mundo caminho da regionalização... Em transito a Mundialização, que requer da mistura racial, religiosa e cultural, para dela formar uma nova cultura universal, baseada na unidade da diversidade, com novos valores planetários, primeiras amostras dos quais são as declarações dos direitos humanos, do neno, da mulher, a luta ecológica, etc...

Eis o quadro, o cenário. Mas seremos os seres humanos quem devermos pintá-lo, se deixamos que a iniciativa a levem os uns quantos no topo de cada sociedade, nos encontraremos com que esses quantos preservaram ou tentaram garantir a sobrevivência e segurança das suas estruturas de poder, chamadas governos, alianças militares... Tentando como sempre tentaram, a traves da historia, espalhar sua influencia, e misturando tudo isto com seu instinto defensivo, a vez que de conquista, como magistralmente explicam Pascal Boniface e Hubert Védrine, no seu extraordinário Atlas das Crises e dos Conflitos...

Resta-nos cada dia menos tempo, e cada dia se fez mais necessário que as populações do planeta se unam, trabalhem em conjunto e procurem criar um espaço universal de procura da paz. Mas que nunca é preciso um movimento Internacional Pacifista. E da resposta da cidadania a este dependerá nosso futuro e dos nossos filhos.

Como bem afirma Erich Fromm: “A fé na vida, em si mesmo e nos demais tem de edificar-se num térreo firme de realismo; e dizer, sob a capacidade de ver onde se situa o mal, de ver a cilada, a destruição e o egoísmo, não só quando aparecem a olhos nus, senão também em suas múltiplas mascaras e disfarces”

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