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SAVE THE CHILDREN

O Ocidente no seu Labirinto

Artur Alonso  |  04 de febrero de 2011 (20:40 h.)
Niña trabajando en una mina.
Um estudo informa que 90% das crianças afectadas, após as inundações no Paquistão sofrem traumas psicológicos. Alem de outras 6.000 crianças tenham começado a trabalhar para ajudar suas famílias...

Um estudo informa que 90% das crianças afectadas, após as inundações no Paquistão sofrem traumas psicológicos. Alem de outras 6.000 crianças tenham começado a trabalhar para ajudar suas famílias...
Save The Children

Todos os domínios, todas as formas de organização social são consolidadas a base de criar redes que ligam actividades econômicas, militares e políticas a uma elite no topo das sociedades, que a sua vez redistribui estas mesmas redes de jeito a reforçar seu poder por toda a estrutura, dela, dependente.

Em tempos de crise e tragédia, os poderes organizadores do mundo tentam de novo estabelecer novas bases, novas regras que evitem um desloque sistêmico ou uma involução da situação de controlo, tal como explica Thierry Meyssan, no seu ultimo artigo sobre a Tunísia: “As grandes potências não gostam das perturbações políticas que escapam ao seu controle e contrariam seus planos”.

Mas quando os problemas arrastados, enquistados, sem solução desde há décadas continuam sua dinâmica destrutiva, ate a altura de combinar-se com uma crise sistêmica, normalmente os factores de instabilidade se multiplicam por todo o orbe, deixando traz de si conseqüências econômicas, ecológicas, físicas e psicológicas, terrivelmente difíceis de superar.

Engandino a este pastel uma dinâmica mundial de economia globalizada, e uma capacidade tecnológica para seguir reduzindo o espaço comunicativo, normalmente se faz impossível não uma reação de proteção primaria em qualquer país ou espaço administrativo unificado, sobre a base do feche de muralhas e consolidação homogênea dum mesmo território, e dizer, isolamento: térreo ilhado, capaz de resistir à pressão que o rodeia.

O sempre revolucionário James Petras adverte: “A cada vez menor influência da propaganda imperialista e o cada vez menor peso económico de Washington, significam que as redes imperialistas americanas construídas durante os últimos cinquenta anos estão a ser corroídas ou pelo menos sujeitas a forças centrifugas”. E a continuação celebra este facto como um trunfo das políticas “anti-imperiais” das novas potencias emergentes... Mas o facto para nós ocidentais, também é que em este difícil transe, de traslado do poder hegemônico mundial, a perda de poder do Império Americano, significa perda de poder para as elites européias, a vez de afundamento dos níveis de vida das populações ocidentais em seu conjunto.

Isto se deve a dinâmica da supremacia econômica, mas também a que as novas potencias emergentes exercem na pratica, políticas pragmáticas, de tipo neo-imperiais, mais flexíveis e menos dolosas para os países onde ampliam seus mercados, mas no entanto igual de eficazes a hora do submetimento destas regiões planetárias aos futuros novos centros em Pequim, Déli ou Brasília...

E evidente que as parcerias entre Angola, Namíbia e Brasil, são muito mais favoráveis aos países africanos, que os antigos neo-colonialismos ocidentais, do século passado; e proporcionam a muitos destes países capacidades de negociação mais aberta, ao poderem livrar-se duma dependência direta ocidental, o que também tem levando as empresas de ocidente a mudar na forma de operar nestes países para evitar perder certos mercados importantes. Outros já foram perdidos, pelas portas traseiras.

Ao fazer-se evidente que o mundo não caminha a uma mudança de paradigma dominador face um paradigma colaborador, e pela frente ainda teremos muito caminho a andar para chegar alguma vez a ver algo parecido a fraternidade entre povos. Enquanto a união mundial num hipotético, tão apregoado, governo único comandado por Nações Unidas (ou algum organismo semelhante), terá ainda que aguardar vários estágios na historia da humanidade, os ocidentais devemos ser cientes que nestas novas batalhas pelo poder global, muitos pontos de fricção serão abertos, na seqüência de expansão dos emergentes e contração dos hegemônicos.

Devemos acreditar, pois, sem cepticismo, que destas batalhas dependerá o ritmo de decadência, rápido ou lento, ou da consolidação momentânea, sobre o comando mundial que a Europa – EUA tiveram nestes cinco séculos, depois de que os portugueses inauguram o domínio ocidental com a sua chegada aos mares da China, e posterior aportar ao Japão em 1543; assim como sua habilidade na instalação de pontos estratégicos militares, que ainda hoje controlam o transito marítimo oriental, como os estreitos de Malaca e Ormuz; nos que não por casualidade, existem bases militares americanas, dado estas duas chaves terem a capacidade de fechar a navegação pelo Indico.

Domínio, que como todos ao longo da historia, inevitavelmente chegará finalmente a seu fim.

Daí que ante esta mais que verídica tendência, seriam os povos de ocidente os mais interessados em encontrar caminhos de re-equilibro internacional, que evitem futuros sistemas tirânicos, que imitem os anteriores domínios ocidentais, de menosprezo, racismo, abuso de poder... Domínios que seguiam a lógica histórica, praticada por todos os povos e todas as culturas de conquista, suplantação, domínio e imposição...

Se como anuncia o grupo Global Europe Anticipation Bulletin, desde 2006 estamos assistindo a queda do dólar, e esta terá os mesmos efeitos que teve a queda do Muro de Berlim (Afundamento do campo soviético), a inversa; teremos de estar mais alerta de começar a criar redes de base a nível Europeu e mundial, para que as populações do mundo podam construir uma nova alternativa global solidaria.

Do contrario se o Ocidente cair, acaso alguém aguarda, dos novos poderes emergentes um comportamento melhor do que nós o fizemos quando tivemos o controlo do Orbe?

 

 

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