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O QUE SE CONSEGUE COM ESTE MODELO É CRIAR MAIOR TENSÃO SOCIAL NO OCIDENTE

Uma Crise. Duas saídas...

Artur Alonso  |  23 de noviembre de 2010 (23:02 h.)
A nova injeção liquida de 600.000 milhões de dólares lançada pela Reserva Federal na economia americana, tem provocado os protestos públicos dos países detentores de haveres em dólares, como a China, pelo que eles entendem uma devaluação de facto da divisa Norte-americana; o qual poderia levar ao sistema monetário internacional a um cenário futuro de possível confronto.

A nova injeção liquida de 600.000 milhões de dólares lançada pela Reserva Federal na economia americana, tem provocado os protestos públicos dos países detentores de haveres em dólares, como a China, pelo que eles entendem uma devaluação de facto da divisa Norte-americana; o qual poderia levar ao sistema monetário internacional a um cenário futuro de possível confronto.

A falta de um acordo global no ultimo cume do G-20 celebrado em Seul, nomeadamente entre duas visões similares, mas antagônicas, como a chinesa e a dos Estados Unidos, na qual ambos os países tencionam promover exportações a baixo custo; no caso americano com a desvalorização de facto da sua moeda, no caso chinês negando-se a revalorização do Yuan; pode num futuro não muito longínquo provocar tensões a nível internacional, que se nenhuma cimeira vai reconduzir dificilmente o poderá fazer outro tipo de negociações diretas, sem a pressão doutros país afetados.

Como lembrava o primeiro ministro da Grã Bretanha, David Cameron, nesta ultima cimeira do G-20 em Seul, guerras de divisas, barreiras comerciais e nacionalismo económico podiam resultar numa repetição dos acontecimentos, próprios do período entre guerras dos anos 30.

Desta vez nó só a China e o Brasil, senão também a Alemanha criticará a unilateralidade do EUA.

O problema de fundo, como diz a economista brasileira Virginia Fontes tem a ver com a inércia do capital a partir dos primeiros anos deste novo século, quando: “o capital portador de juros e sua derivação, o capital fictício, impõem uma aceleração de extração de sobre – trabalho”.

Então os movimentos deste capital criam bolhas, e estas explodem no centro do sistema, e todo o sistema de organização mundial fica em choque, abalado do topo a base da pirâmide; a seguir os buracos escuros explodem em todo o sistema financeiro e devem ser consertados para não engolir toda arquitetura econômica. O problema é que os gastos que isto com leva são pagos com o dinheiro dos contribuintes, e dizer: do trabalho real, das classes medias e populares, levando o trabalho a uma situação de sobre carga.

Assim a classe media perde poder aquisitivo, quanto mais à crise aprofundar, mais poder de aquisição compromete, ate deixarem de ser classe media, e as classes trabalhadoras passam a estar cada vez mais marginalizadas, não ficando outra solução que se dotarem de mecanismos de resposta, umas vezes mais eficazes outras menos, para afrontar a difícil situação que se lhes avizinha.

Enquanto os dirigentes do mundo não encontram outras soluções que tirar do manual do bom economista; no caso americano de hoje, no da desvalorização que vai provocar maiores exportações. Mas os manuais dos bons economistas foram introduzidos nas Universidades pelos organizadores que têm o poder num determinado momento e controlam e difundem o pensamento adequado, acorde com os seus interesses momentâneos. Nos anos oitenta era o neo-liberalismo, que a partir da escola de Chicago inundou todas as Universidades do mundo.

Com este modelo que potenciou o consenso de Washington, de 1989, foi como se tentaram ultrapassar as crises periféricas de Latino America, e o Sudeste Asiático, nos anos noventa. Resultando num fracasso e num empobrecimento geral das populações destes respectivos países. Com este modelo que basicamente consiste em: limitar os défices por redução dos gastos sociais, privatizarem os serviços públicos e empresas estatais, tal como a senhora Esperança Aguirre lhe recomenda ao alcaide de Madrid Sr. Ruiz Gallardón, para equilibrar o orçamento municipal; o único que se logrou nestes territórios da periferia do sistema foi mais conflituosidade social, pior qualidade na atenção sanitária e educativa ao cidadão, maior desemprego... Por que agora havia de funcionar melhor no centro do sistema, no chamado mundo ocidental?

O que se consegue com este modelo é criar maior tensão social no Ocidente, enquanto nos países emergentes, como o Brasil (que irradia seu modelo por todo MERCOSUL), as políticas sociais e de inversão em obra publica, com um Estado Mercantil fortalecido, regulador e intermediário entre trabalho e capital, a imitação do modelo europeu dos anos 60 – 70 – 80, que agora nós abandonamos, estão a criar grande riqueza.

Isto nós leva, em realidade, a concluir que esta a acontecer um desloque hegemônico em direção a Sul, que parece já inevitável, dado o Ocidente estar extenuado e seu mercados encolhidos, a vez que as suas soluções obsoletas; enquanto o Sul começa a estar vigoroso e seus mercados imensos e fortalecidos, como seus modelos econômicos mais adequados ao cambio de século.

Estas duas formas de concepção do modelo econômico, o Mercantilismo de Estado e o Mercantilismo privado, representantes hoje do Sul e do Norte também estão a entrar em confronto, e a cada ano que passa, parecem-se distanciar um bocadinho mais, a vez que seus interesses, cada ano também tomam rumos mais diferenciados...

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