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Classificação mundial da liberdade de imprensa em 2010

| 31 de diciembre de 2010

Publicávamos em 2002 um artigo no Portal Galego da Língua no que falávamos da classificação que os “Reportes sans Frontières” faziam por países no mundo. A publicação foi uma autêntica surpresa em relação a países considerados democráticos, politicamente avançados e também a outros considerados do terceiro mundo.

Publicávamos em 2002 um artigo no Portal Galego da Língua no que falávamos da classificação que os “Reportes sans Frontières” faziam por países no mundo. A publicação foi uma autêntica surpresa em relação a países considerados democráticos, politicamente avançados e também a outros considerados do terceiro mundo.

Os critérios a seguir para classificarem os países segundo os \"Reporters sans Frontières\" levaram-se a cabo, após a solicitação a jornalistas, investigadores e juristas desde que respondessem a um pequeno inquérito com cinco questões relativas a assassinatos ou detenções de jornalistas, censuras, pressões e monopólios do Estado em certos âmbitos, sanções a respeito dos delitos de imprensa, regulação e controlo dos média, etc.

A primeira surpresa que nos caía era a posição da Espanha no posto 29 como penúltimo país da Europa só por cima da Itália do Berlusconi (hoje no posto 50). Eram épocas nas que os média nos falavam uma hora sim e outra também do malvados que eram os nacionalistas galegos mas sobre tudo catalães e bascos que tinham sob chantagem aos distintos governos de Madrid. Eram tempos de lutas contra os terroristas e de planos Ibarretxes.

Comparávamos naquela listagem a situação política do Estado presidido naquela altura pelo José Maria Aznar com outros com similares ou iguais caraterísticas. Assim o confronto direto contra o nacionalismo basco poderia parecer paralelo ao problema do Ulster no Reino Unido e no entanto este último ficava numa posição bastante mais digna no lugar 21. Espanha era superada em liberdade de imprensa por países como a Costa Rica ou a República Africana do Benin nas posições 15 e 21 (este juntamente com o R.U.) mas também pela República Sudafricana ou o Equador. Pior era o caso da Itália num posto 30 superado pela Namíbia, o Peru ou o Taiwan empatados com a Espanha em pontuação.

A dia de hoje, finais do ano 2010, oito anos depois e numa situação europeia de crise, emergência de países como o Brasil, Rússia, Índia, China e Angola e queda do prestígio e da economia dos EEUU, a situação variou de forma manifesta. Nesta altura a Espanha ocupa o lugar número 39 com 12’25 pontos. Dez posições abaixo da do ano 2002 e superada pela Sudáfrica, o Suriname, o Hong-Kong da China dos dous sistemas, Trinidad e Tobago e ainda Mali, Ghana e Cabo Verde juntamente com Jamaica e Namíbia. À Espanha da-se-lhe uma pontuação de 12’25, a só 0’75 da Tanzânia e pouco mais de um ponto acima de Papua-Nova Guiné onde ainda existem entre a população nativa práticas culturais e culinárias próprias do paleolítico.

Pela contra não há que dizer que os primeiros postos tanto em 2002 como em 2010 são ocupados com a mesma pontuação, quer dizer 0’00 pelos países da Europa norte: Finlândia, Islândia (que está numa crise maior e mais grave do que a Espanha), Noruega, Países Baixos, Suécia e a plurinacional e plurilíngue Suíça (ali não há “Suiças Bilíngues”???). Os segundos são os austriacos com 0’50 e a Nova Zelândia com 1’50; Estónia e Irlanda com 2’00; Dinamarca, Japão e Lituánia com 2’50; a Bélgica do nacionalismo flamengo, Luxemburgo e Malta com 4:00; Alemanha com 4’25; Austrália com 5’38 e o Reino Unido onde se fala da independência da Escócia com 6’00...

É esta a Espanha de hoje que não tem o terrorismo como problema principal, mas dum ponto de vista económico é a crise que leva ao Estado a quase o 20% de desempregados e que briga contra o modelo cultural e linguístico catalão pondo como alternativa a que marca o Tribunal Supremo que sentença que a língua veicular do ensino em Catalunha deve ser o castelhano. É esse o modelo no que governa uma coligação feita entre o PSOE e o PP no País Basco cujo nome desapareceu totalmente dos informativos até o ponto de parecer a nossa Galiza onde nunca acontece nada digno de quaisquer outras notícias que não estejam no cabeçalho dos “Sucessos”. É esse modelo que diz que o galego se está a impor pela força e contra a vontade da maioria dos galegos; o modelo que apresenta nos informativos uma manifestação de 4.000 pessoas sob as siglas de “Galicia Bilíngue” vindas em autocarros desde Madrid como um grande acontecimento digno de ser tido em conta pelo governo de Santiago e obvia uma outra com mais de 100.000 galegos em prol da sua língua que são definidos de “radiais”; é o modelo que leva a um Conselheiro de Cultura dizer que a cultura galega limita; do modelo linguístico de Feijó onde se obriga aos mestres a ministrar em castelhano as matemáticas e se considera ilegal \"obrigar\" a um aluno a falar galego nas aulas de galego... (não é delito obrigar a falar inglês nas aulas de inglês....).

Se em 2002 a Espanha estava no posto 29 e estávamos tão mal, agora com a ofensiva contra os \"excessos\" em matéria cultural e linguística das chamadas nacionalidades históricas estamos muito melhor no posto 39. E segundo nos dizem com o PP vamos estar melhor já que foi este o partido protagonista que levou a iniciativa de perseguir os sentimentos contrários ao natural e patriótico jacobinismo nacional-católico carregado de bondades para os espanhóis baixinhos e morenos de toda a vida.

Pois, meus queridos leitores e minhas queridas leitoras, todo isto no sou eu quem o diz. É a classificação mundial do ano 2010 que sobre a liberdade de imprensa fazem os “Reporters sans Frontières” no seu site. Tanto estão a pelejar pela liberdade ultimamente que nos damos conta que antes estávamos num buraco obscuro e sem fundo.

A mim que me registem.

Para mais informação, consultar a o web dos RSF

http://es.rsf.org/press-freedom-index-2010,1034.html

 

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