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NO OCIDENTE SE VAI PRODUZIR UMA MUDANÇA UNILATERAL, COMO RESULTADO DOS ATAQUES A DIVIDA SOBERANA GREGA, ESPANHOLA OU PORTUGUESA

Novos Rumos Sociais

Artur Alonso  |  10 de noviembre de 2010 (01:38 h.)
Durante a fase mais grave da crise econômica, desatada em setembro 2008, após a queda o gigante financeiro Lehman Brother´s , tanto os países ocidentais como as potencias emergentes se puseram de acordo nas medidas a seguir para evitar uma catástrofe de proporções mundial. Isso referiu certos acordos no cume dos G-20 em Londres.

Durante a fase mais grave da crise econômica, desatada em setembro 2008, após a queda o gigante financeiro Lehman Brother´s , tanto os países ocidentais como as potencias emergentes se puseram de acordo nas medidas a seguir para evitar uma catástrofe de proporções mundial. Isso referiu certos acordos no cume dos G-20 em Londres.

Entre as medidas adotadas para impulsionar a economia a nível global, surgiram políticas ficais e pacotes de estimulo estatais, que pretendiam substituir a falta de demanda privada e pouca capacidade de iniciativa empresarial, dado a contração privada do credito. Este tipo de medidas junto ao salvamento maciço dos bancos, foram a causa principal dos défices governamentais.

Mas justo no Ocidente se vai produzir, no marco do seguinte cume do G-20 celebrado em Toronto, uma mudança unilateral, como resultado dos ataques a divida soberana grega, espanhola ou portuguesa, entre outras... ao tempo que estes ataques propiciavam a retração do euro face ao dólar e a libra...

A seguir haverá uma mudança de retórica e começarão os governos europeus a falar de austeridade e redução do défice.

O que realmente aconteceu foi que o sector mercantil privado, temeroso do novo papel regulador que durante a crise assumira o Estado; uma vez ultrapassada a espiral de falência, não perdeu a mínima oportunidade de voltar a reduzir os governos ocidentais a meros gestores das políticas econômicas impulsionadas pela elite especulativa e ecoadas pela mídia fiel a seus interesses, conhecedores de não ter rival político que lhes faça frente, dado a classe trabalhadora ou o pequeno empresário não estar organizados ao nível requerido para contrabalançar estas políticas.

Assim foi como entramos na retirada do impulso governamental que a dia de hoje se verifica, e que a pesar de tudo não tem capacidade de endereçar o rumo nos países, de ate o de agora, centrais no sistema. Como bem especifica a revista europeia GEAB, no seu nº 48, estas são a pesar de tudo, as últimas tentativas de Ocidente de enfrentar a crise com os métodos saídos do consenso de Washington de 1989; limitando, pois os défices estatais mediante políticas de redução das despesas sociais, e políticas de privatização do sector publico, orientadas a capitalizar novos rendimentos, a traves da gestão ou venda a corporações nacionais ou multinacionais poderosas.

Tudo bem evoluído dentro da seqüência seguida pela expansão capitalista desde o capitalismo produtivo de pós-guerra ate o capitalismo financeiro, após a dolarização da administração Nixon em 1973, seguido do capitalismo arrendatário de finais de 1990, inícios deste século XXI, no que agora estamos imersos.

Esta seqüência leva aderido, como bem explica Zoltan Zigedy, no seu extraordinário trabalho “fundamentos das crises”: monopolização, automatização, integração vertical, descentralização, inovação em chips e robótica, globalização e financeirização... De ai que na atualidade estejamos assistindo a uma nova etapa na historia da humanidade, onde o poder em expansão do sector privado mercantil, transformado em financeiro, esta a reordenar as relações sociais, tanto coletivas como individuais, encaminhando-as a um novo marco que criará a base de novos valores, novas atitudes vivenciais e novas alianças, onde o território apenas seja um referente mais, entre as múltiplas possibilidades de relação que as novas tecnologias fornecem a humanidade.

Como explica Bertrand Badie, no seu interessante livro “O fim dos territórios”: ... “As novas alianças, ligadas à crise de relação de cidadania, abala o principio de territorialidade e favorece o surgimento duma ordem sócio política fragmentada”...

Esta nova ordem sócio política fragmentada está a criar um novo paradigma organizador, que a nosso modo de ver, ultrapassa o modelo organizativo do Estado Nação, cujo poder não estará já estruturado arredor dum governo nacional ou federal, como tampouco se ira corresponder com o modelo característico dos impérios, apesar das semelhanças multiculturais e supra territoriais, senão que tal vez tenha mais a ver com um esquema típico de lealdades e alianças múltiplas do período medieval, agora refletidas em diversas adesões de ordem reliogosa, identitária, associativa...

Mantendo, no entanto a estratificação social, assim como o poder de decisão desde a cúpula.

Eis os novos rumos aos que se encaminha Ocidente. E nada parece pelo de agora mudar essa inércia, a não ser que a crise aprofunde, a não ser que luta de classes, em esse marco vigore... Mas de que classes? Quais serão as novas classes?

Mas isso será matéria de outro artigo.

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